Nos últimos anos, o conceito de ESG (Environmental, Social and Governance) deixou de ser apenas uma sigla de tendência para se tornar uma diretriz estratégica em empresas que buscam relevância no mercado. Se por um lado as práticas ambientais (E) e sociais (S) ganham notoriedade em discursos públicos, é na governança, o “G” da sigla, que está o alicerce para garantir que todas essas ações sejam legítimas, consistentes e sustentáveis no longo prazo.
Quando falamos do setor imobiliário, onde as decisões envolvem alto impacto urbano, financeiro e social, o tema se torna ainda mais relevante. A governança funciona como um sistema de regras, práticas e processos que guiam as organizações na tomada de decisões éticas, transparentes e responsáveis. Para a EBM, isso é parte da cultura empresarial e da entrega de valor à sociedade.
O que significa o “G” no ESG?
A governança é o elemento que garante que todos os compromissos ambientais e sociais assumidos por uma empresa sejam cumpridos com integridade, rastreabilidade e responsabilidade. No contexto corporativo, ela envolve a definição clara de papéis e responsabilidades, a construção de políticas internas coerentes, o combate a práticas ilícitas, o fortalecimento da ética empresarial e o diálogo transparente com stakeholders.
Mais do que um departamento isolado, trata-se de um princípio transversal, presente em todas as decisões estratégicas e operacionais. No setor imobiliário, por exemplo, isso inclui desde a seleção de terrenos até a relação com investidores, clientes e entes públicos. Isso porque, construtoras com forte governança se destacam pela previsibilidade de seus processos, pela segurança que transmitem aos envolvidos e pela capacidade de gerenciar riscos com mais eficiência.
Por que a governança é essencial no setor imobiliário?
Considerando que o setor imobiliário é altamente regulado, com prazos longos e grandes impactos urbanísticos, a governança não pode ser negligenciada. Ao contrário, ela deve ser tratada como primordial por estar diretamente relacionada à credibilidade da marca, à segurança jurídica das operações e à experiência final dos clientes. A seguir, exploramos os principais pontos que explicam essa importância:
Transparência nas decisões de compra e incorporação
Quando uma empresa apresenta processos claros sobre como escolhe terrenos, aprova projetos, define cronogramas e precifica produtos, transmite confiança a investidores, parceiros e consumidores. A transparência é o primeiro passo para evitar conflitos de interesse e reduzir os riscos reputacionais que podem surgir em grandes empreendimentos.
Segurança jurídica e conformidade regulatória
A governança garante que todas as práticas da incorporadora estejam em conformidade com as legislações urbanísticas, ambientais, trabalhistas e fiscais. Isso evita não apenas sanções e multas, mas também protege a reputação da marca ao longo do tempo. Um empreendimento pode ter diferenciais incríveis, mas basta um problema jurídico para colocar toda a operação em risco.
Responsabilidade na relação com clientes, investidores e fornecedores
Empresas com boas práticas de governança mantêm uma comunicação clara com seus públicos, honram compromissos e buscam soluções justas em situações de conflito. Isso fortalece vínculos e constrói uma rede de confiança fundamental em empreendimentos de longo ciclo, como os imobiliários.
Práticas que definem uma boa governança
Governança não se resume a intenções bem escritas. Ela se materializa em políticas, rotinas e mecanismos de controle que permeiam todas as camadas da empresa. No setor imobiliário, essas práticas precisam estar alinhadas ao porte da empresa e à complexidade dos projetos conduzidos. Entre os pilares de uma governança sólida, podemos destacar:
Código de conduta
Um bom código de conduta define com clareza os valores da empresa e orienta o comportamento esperado de todos os colaboradores, fornecedores e parceiros. Ele também serve como guia para a tomada de decisões éticas, principalmente em situações ambíguas ou desafiadoras.
Auditorias e compliance
Empresas sérias adotam rotinas de auditoria interna e externa para garantir que os processos estejam sendo cumpridos conforme as normas legais e as diretrizes internas. A área de compliance atua de forma preventiva, corrigindo rotas antes que os problemas se tornem crises.
Canais de denúncia e ética corporativa
Ter um canal anônimo e seguro para denúncias é uma das formas mais eficazes de prevenir e combater fraudes, assédios e outras condutas irregulares. Quando bem estruturado, esse canal contribui para um ambiente corporativo mais justo, ético e transparente.
Diversidade e independência em conselhos
A composição dos conselhos administrativos também é um indicador da maturidade da governança. Ter diversidade de gênero, raça e formação, além da presença de membros independentes, assegura decisões mais equilibradas, menos suscetíveis a conflitos de interesse e mais conectadas com as necessidades da sociedade.
Governança como diferencial competitivo no mercado atual
Hoje, a governança deixa de ser apenas um requisito regulatório e passa a ser um ativo estratégico. Empresas com práticas maduras de governança conseguem se destacar em um cenário competitivo, atrair investimentos, conquistar a confiança de novos públicos e se manter relevantes mesmo em períodos de instabilidade econômica.
Aumento da confiança e da reputação da marca
A reputação é um dos ativos mais valiosos no setor imobiliário. Empreendimentos são escolhas que envolvem planejamento, risco e comprometimento de longo prazo. Empresas que demonstram responsabilidade e integridade em suas ações conquistam a preferência dos consumidores e se tornam referência no mercado.
Atração de investimentos e fundos com exigências ESG
Investidores institucionais e fundos imobiliários já adotam critérios ESG em seus processos seletivos. Incorporadoras que conseguem comprovar boas práticas de governança têm mais facilidade de captar recursos, fechar parcerias estratégicas e viabilizar projetos de maior escala com menor custo de capital.
Preferência de compra por parte de consumidores conscientes
O público consumidor também está mais atento e exigente. Afinal, muitos compradores já não se interessam apenas pela planta do apartamento ou pela localização do imóvel. Cada vez mais, eles querem saber quem está por trás do empreendimento, qual é a postura da empresa e como ela se posiciona em relação a temas como ética, diversidade e sustentabilidade.
Governança: o alicerce invisível de uma construção sólida
A governança é o elo entre as promessas de uma empresa e sua execução prática. Em outras palavras, ela garantir que o que foi prometido no lançamento de um empreendimento será entregue com segurança, ética e responsabilidade. Além disso, ela protege todos os envolvidos, do investidor ao morador, e promove uma cultura empresarial centrada na confiança e no valor coletivo.
Nesse cenário, em que o ESG já não é diferencial, mas exigência, não há espaço para improvisos. Incorporadoras que colocam a governança no centro saem na frente… Afinal, essa é a maturidade que os novos tempos exigem…