Valorização: vendas em alta e custo crescente desenham tendência

Volume de financiamento imobiliário impacta em crescimento de 41% nas vendas de imóveis em Goiânia e Aparecida de Goiânia no 1º trimestre deste ano. Em valores, o aumento foi de…

Volume de financiamento imobiliário impacta em crescimento de 41% nas vendas de imóveis em Goiânia e Aparecida de Goiânia no 1º trimestre deste ano. Em valores, o aumento foi de quase 50%, passando de R$ 663 milhões em 2020 para quase R$ 12 bilhão em 2021 representando alta na valorização

O mercado imobiliário de Goiânia e Aparecida de Goiânia tem se surpreendido positivamente com as vendas nos últimos meses, apesar de todas as dificuldades geradas pela pandemia. E quem comprar imóvel nesse período também pode se surpreender positivamente. Isso porque, o volume de financiamento imobiliário no país, que aumentou 76% nos últimos meses, registra uma alta de 112,8% no primeiro trimestre. Esses números relacionam os dados deste ano diante do mesmo período de 2020, de acordo com dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).

Dados confirmam a valorização crescente

No primeiro trimestre de 2021, o montante financiado somou R$ 43,01 bilhões no mercado nacional. Este resultado impulsiona diretamente a venda de imóveis, inclusive em Goiás. Neste primeiro trimestre, o setor registra um crescimento de 41% no comércio de imóveis novos, em Goiânia e Aparecida de Goiânia, diante do mesmo período de 2020. Isto é, 2.400 unidades vendidas nos primeiros três meses de 2021, contra 1.701 unidades no trimestre do ano passado. Em cifras, são R$ 993 milhões de janeiro a março de 2021, aumento de 49,8% em relação a 2020, que registrou R$ 663 milhões.

Os dados fazem parte da pesquisa trimestral divulgada pela Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Goiás (Ademi-GO), realizada pela Brain Inteligência Estratégica. De acordo com Fernando Coe Razuk, essas tendências aconteceram devido a baixa dos juros de financiamento. Ele observa “Nunca foi tão fácil e vantajoso comprar imóvel financiado. E a tendência é que os juros continuem baixos nos próximos anos”.

Em relação aos distratos, os números continuam baixos. O mercado vivenciou um número maior de rescisões pontualmente em maio de 2020, apresentando 144 distratos. Segundo o presidente da Ademi-GO, provavelmente em função do receio de alguns compradores diante do início da pandemia de Covid-19. No entanto, nos meses seguintes, o volume se manteve em patamares muito baixos. Isso porque, em março deste ano foram apenas 80 negócios desfeitos.

Imóveis em estoque

Com o aquecimento das vendas, o estoque teve redução significativa, alcançando o menor patamar desde 2010. Em 2019, o mercado imobiliário contava com 9.696 imóveis disponíveis para venda. No entanto, em 2020 passou para 8.960 e, até março deste ano, são apenas 7.728 unidades disponíveis para venda.

Os bairros Setor Bueno e Setor Marista são responsáveis por 28,4% do total do estoque do mercado residencial vertical, com 1.130 e 839 imóveis cada, respectivamente. Em seguida estão Faiçalville (395), Parque Veiga Jardim (356), Setor Oeste (344), Cândida de Moraes (340) e Porto Dourado (327). Considerando somente as unidades verticais residenciais, os setores Marista e Bueno também possuem o metro quadrado privativo mais valorizado de Goiânia, de R$ 6.913 e R$ 6.544, respectivamente, uma vez que são os mais desejados da cidade. Na sequência estão os setores Oeste (R$ 6.623), Santa Rita (R$ 3.829) e Parque Oeste Industrial (R$ 3.706). A média na capital é de R$ 5.533.

Intensificação nos últimos meses

Segundo Razuk, é notável a intensificação da valorização dos imóveis nos últimos meses. Do final do mês de dezembro de 2020 para o final de março de 2021, o preço médio das propriedades em Goiânia teve uma alta 4,3%. Isso significa que o valor era de R$ 5.586 para R$ 5.827 o metro quadrado. A tendência é que os imóveis se valorizem entre 15% e 20% neste ano.

Porém, nos últimos meses têm acontecido lançamentos em bairros que até então eram pouco procurados, como Setor Aeroporto, Setor Pedro Ludovico e Setor Serrinha. Isso abre nova possibilidade para os consumidores, com preço do metro quadrado mais em conta do que os bairros mais desejados da cidade.

Com a taxa de juros baixa, aumentou também a procura de imóveis por investidores que buscam investimento seguro e com rentabilidade acima do rendimento das aplicações financeiras de baixo risco. Em função disso, surgiram empreendimentos modernos e sofisticados em bairros nobres, com apartamentos compactos, que são excelentes alternativas para investimento. E para aqueles que desejam fazer upgrade e adquirir apartamentos de alto luxo, surgiram empreendimentos muito sofisticados, até mesmo com piscinas nos apartamentos.

Valorização

A tendência de forte valorização dos imóveis se dá, em primeiro lugar, em função do aquecimento do mercado imobiliário. Como as vendas estão muito aquecidas e o estoque de unidades está no menor patamar dos últimos 10 anos – demanda alta e oferta baixa -, a tendência natural é que os preços subam nos próximos meses. Além disso, o segundo ponto é o aumento significativo do custo de construção, que impacta diretamente no custo final dos imóveis. O aço, por exemplo, que tem peso relevante no custo de construção, aumentou 100% nos últimos 12 meses. Estudos realizados pelas empresas associadas da Ademi-GO apontam que o custo de construção de obras verticais aumentou em cerca de 20% nos últimos meses.

Para Razuk, “a alta do valor dos imóveis nos próximos meses é questão de necessidade. Caso contrário, os empreendimentos tornam-se inviáveis”, alerta, ao frisar que este reajuste não acontece de um dia para o outro. “O mercado vai se ajustando para equilibrar as contas e, portanto, os preços com certeza continuarão subindo nos próximos meses. Quem comprar agora ainda vai ganhar com a valorização imobiliária dos próximos meses”, complementa.

De acordo com o índice FipeZap de Venda Residencial, o preço médio de venda residencial em abril de 2021 foi de R$ 7.582/m² entre as 50 cidades monitoradas e Goiânia está entre as capitais monitoradas com menor valor médio: R$ 4.592/m².

Nos anos de ‘boom’ do mercado imobiliário, como 2010 e 2011, a valorização imobiliária ficou acima de 15% no ano. Enquanto nos anos de crise (2014, 2015 e 2016), os imóveis valorizaram uma média de 5% ao ano. “Agora, com esse novo aquecimento e com a alta no custo de construção, a tendência é que o aumento seja novamente acima de 15% no ano”, destaca o presidente da entidade.

Financiamentos

Os financiamentos imobiliários com recursos das cadernetas do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) atingiram R$ 18,35 bilhões em março deste ano. Logo, esse valor demonstra alta de 47,4% em relação ao mês de fevereiro de 2021 e 172,7% maior quando comparado ao mesmo período do ano anterior.

Foram financiados, em março de 2021, nas modalidades de aquisição e construção, 81,9 mil imóveis, resultado 61,9% superior ao de fevereiro e 218,7% superior ao resultado de março de 2020, de acordo com dados da Abecip. Neste caso, no entanto, não se pode ignorar os primeiros efeitos da pandemia do coronavírus.

Cenário imobiliário brasileiro

O Brasil também compartilha do mesmo cenário positivo vivido pelo mercado imobiliário em Goiás. De acordo com números da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), a vendas de imóveis também cresceram 27,1%, em comparação ao primeiro trimestre do ano passado, para 53.185 unidades. Os lançamentos imobiliários seguiram o mesmo ritmo: cresceram 3,7% no primeiro trimestre, na comparação anual para 28.258 unidades

Além disso, para este ano, a expectativa é que os lançamentos e as vendas de imóveis tenham um crescimento de 5% a 10%, segundo vice-presidente da CBIC, Celso Petrucci. Na avaliação do presidente da entidade, José Carlos Martins, há um “turbilhão”, na cadeia do setor, por causa das pressões de custos de materiais de construção.

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